
Não existe dor de cabeça que resista a uma sessão de freesurf.
Após mais de quinze anos compromissado com as competições, estou redescobrindo uma série de lições e benefícios que só o freesurf pode nos ensinar. Se você, caro leitor, começou a divagar sobre aquelas sessões épicas, com mar perfeito, sem crowd e sem vento, é melhor parar por aí. Estou me referindo à qualquer freesurf que fazemos. Independente das condições, o contato com o mar sem compromisso é o melhor elixir para o corpo e a mente que se pode ter.
Conheço muita gente que sempre dá um jeitinho para arrumar espaço em suas agendas para ir surfar. Quando pergunto a eles se vale a pena toda a correria para no máximo 40 minutos de surf, mesmo com o mar praticamente insurfável, a resposta é unânime e vem na forma de um largo sorriso: "O que importa é estar lá, Teco". Pude constatar isso durante o longo período de flat que se instalou no mês de junho aqui em Floripa.
Certo dia, fui conferir as ondas já sabendo que não encontraria nada de especial. Veja bem, especial em um período de flat seria pouca coisa mesmo, menos de meio metro, fraco e mexido. E foi isso que encontrei. Enquanto olhava desolado para o mar, apareceu na praia um sujeito de terno e gravata com uma prancha dentro do carro. Ele se trocou rapidamente, pegou o foguete e caiu na água. Durante uma hora remou para um lado, remou para o outro, investiu em umas poucas marolas, mas nada de achar uma onda surfável. Quando o cara saiu, não resisti e mandei um: "Tava difícil, hein"? E ele com a maior cara de paz de espírito respondeu: "Tenho certeza de que mais difícil que a reunião que vou enfrentar ainda hoje não vai estar". Caímos na gargalhada.
Depois que o nosso homem de negócios foi embora para sua árdua reunião, fiquei pensando no exemplo de surfista autêntico que acabara de ver. Uma pessoa que foi lá e fez a cabeça em condições mínimas, sem se exigir e sem exigir do mar. Apenas curtiu a liberdade de estar se divertindo na água salgada. Essa é a verdadeira essência do termo "free" do freesurf. São posturas como estas que somadas, promovem sensíveis, porém valiosas melhoras em nossa vida.
O freesurf é um santo remédio para aliviar as pressões da rotina que qualquer ser humano está submetido. Basta olhar para a cara de tranqüilidade de quem surfa de manhã. Quando os problemas vão aparecendo no decorrer do dia, parece que eles absorvem melhor o impacto porque, às 8h30 da manhã eles já estão amarradões, enfim, o que vier dali para frente é lucro. É outra coisa enfrentar pepinos sabendo que você já surfou, ou ainda vai surfar.
Tudo se ameniza, fica leve.
No meu caso, em particular, estou redescobrindo o prazer de ser só eu e minha prancha deslizando sobre a água. Os adversários viraram amigos. As altas pontuações se tornaram sorrisos. E na falta de cobrança com a performance, você surfa o que o mar lhe oferece, não precisa mais tirar leite de pedra como em outros tempos. Apenas sua prancha cortando a água, se isso é bonito ou não ninguém sabe, só você.
Estou curtindo esses pequenos prazeres muito mais agora. Já que enfrento como todos vocês, as rotinas de cidadão normal, como fila de banco, impostos a pagar e criança pequena chorando de noite. São nesses momentos que você sente o verdadeiro poder de transformação do freesurf. Uma bênção para todos nós que tiramos do mar o melhor da vida.
Por: Teco Padaratz
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Enquanto não chega a hora de partir, vou postando algumas colunas interresantes que encontro pela net!
Uma Otima Semana A TodoS!!!!
Valewww!
LeoZaMP!
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